O Homo Reacionarius se sente traído... Traído pela realidade... Ele até confiava na democracia, até que a democracia levou ao poder alguém que ele não gostava, e esse alguém fez um governo contrário às suas idéias, porém de muito mais sucesso, em todos os indicadores, que o antigo governo.
Esperava o Homo
Reacionarius que aquele governo fosse uma nuvem passageira, catastrófica para o nosso
país, para poder dizer, ao final "Veja como aquela atriz estava certa, ela
'tinha medo' e tinha razão!!" - nunca mais haveria de existir uma eleição
em que o povo se arriscasse - Porém a realidade lhe bateu firme na cara... Seus
preconceitos não se alinharam com a prática, a teoria falhou onde a prática
teve sucesso... Uma nova gente surgiu, se levantou e assustou o Homo Reacionarius...
Essa gente viajou de avião quando antes não tinha o que comer. Antes, as linhas
eram bem definidas, mantidas a fórceps, davam certo supedâneo lógico ao
preconceito: "pobre era pobre por uma questão de DNA" (muito embora, para manter o verniz liberal, nunca o diga às
claras). Pensa o Homo Reacionarius que todos têm direitos iguais nessa
meritocracia magnífica que mantém os imprestáveis em seu devido lugar. Nunca
esperou, o Homo Reacionarius, que esse povo todo pudesse se levantar, e se
levantando, se mantivesse em pé, e de pé, tomasse para si o poder político. Seu
sustentáculo mental, moral ruiu...
Tentou ainda, o Homo
Reacionarius, dentro do jogo democrático, mostrar que estava certo, que aquilo
tudo era uma ilusão. Mas contra a dura realidade do arroz com feijão no prato,
da roupa nova, do emprego digno, as palavras do Homo Reacinarius é que
pareciam ilusão. Alguns Homo Reacionarius, diante de um ódio avassalador ainda
culparam diretamente o povo, mais especificamente o povo nordestino, pelo fim
do 'seu sonho' (do Homo Reacionarius). Outros, mais inteligentes, preferiram se
esconder em explicações mais palatáveis e mais bem elaboradas, verdadeiras
trincheiras na guerra quase perdida contra a realidade.
E aí chegamos na última
trincheira, a derradeira... O Homo Reacionarius percebe que não têm mais chance
de vencer essa guerra, a História o atropelou com a força de milhões de
deserdados sociais que recuperaram sua força política e vislumbraram uma
realidade menos servil e mais esperançosa. Em puro desespero, abandonados pelos
enfraquecidos partidos de direita (que também se sentem desarmados, mas não
percebem que estão desarmados pois carecem de projetos alternativos para
aqueles deserdados, eis que todos seus projetos visam uma minoria que foi
alijada do poder), só lhes resta lutar agora contra o sistema. Eis a última
trincheira: A democracia!
O Homo Reacionarius
tenta convencer (sabe-se lá quem) que a culpa está justamente nos pilares da
democracia: os políticos, o Congresso Nacional e tudo o mais que dá sustentação
ao jogo democrático. Mas note, ele o faz de maneira claudicante... Critica, com
base no senso-comum o político em geral, mas atira sempre no mesmo partido
político (que por acaso deu poder a massa que os alijou), sempre em seus
símbolos, poupando (quase sempre, mas não sempre), os símbolos de sua direita
(os caciques dos partidos de oposição, o próprio partido de oposição), pode até
para disfarçar e dar forças ao seu argumento pouco democrático, atacar aqui e acolá
alguém do seu partido ou até mesmo o partido de oposição (de leve, bem de leve, sem nenhuma charge, por favor), mas as baterias
sempre estão muito mais fortes contra o governo eleito, seu partido e seus
aliados.
Resta saber se o Homo Reacinarius será extinto
de fato, ou se terá sucesso parcial aqui e acolá... O que se sabe é que, com
sua pouca inteligência, o Homo Reacionarius está fadado a desaparecer, gritando
e esperneando, levando consigo todo um complexo midiático que lhe serviu muito
bem, alimentando-o, porém tão ineficaz quanto os partidos de oposição.
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