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sábado, 8 de junho de 2013

Homo Reacionarius




O Homo Reacionarius se sente traído... Traído pela realidade... Ele até confiava na democracia, até que a democracia levou ao poder alguém que ele não gostava, e esse alguém fez um governo contrário às suas idéias, porém de muito mais sucesso, em todos os indicadores, que o antigo governo.

Esperava o Homo Reacionarius que aquele governo fosse uma nuvem passageira, catastrófica para o nosso país, para poder dizer, ao final "Veja como aquela atriz estava certa, ela 'tinha medo' e tinha razão!!" - nunca mais haveria de existir uma eleição em que o povo se arriscasse - Porém a realidade lhe bateu firme na cara... Seus preconceitos não se alinharam com a prática, a teoria falhou onde a prática teve sucesso... Uma nova gente surgiu, se levantou e assustou o Homo Reacionarius... Essa gente viajou de avião quando antes não tinha o que comer. Antes, as linhas eram bem definidas, mantidas a fórceps, davam certo supedâneo lógico ao preconceito: "pobre era pobre por uma questão de DNA" (muito embora, para manter o verniz liberal, nunca o diga às claras). Pensa o Homo Reacionarius que todos têm direitos iguais nessa meritocracia magnífica que mantém os imprestáveis em seu devido lugar. Nunca esperou, o Homo Reacionarius, que esse povo todo pudesse se levantar, e se levantando, se mantivesse em pé, e de pé, tomasse para si o poder político. Seu sustentáculo mental, moral ruiu...







Tentou ainda, o Homo Reacionarius, dentro do jogo democrático, mostrar que estava certo, que aquilo tudo era uma ilusão. Mas contra a dura realidade do arroz com feijão no prato, da roupa nova, do emprego digno, as palavras do Homo Reacinarius é que pareciam ilusão. Alguns Homo Reacionarius, diante de um ódio avassalador ainda culparam diretamente o povo, mais especificamente o povo nordestino, pelo fim do 'seu sonho' (do Homo Reacionarius). Outros, mais inteligentes, preferiram se esconder em explicações mais palatáveis e mais bem elaboradas, verdadeiras trincheiras na guerra quase perdida contra a realidade.




E aí chegamos na última trincheira, a derradeira... O Homo Reacionarius percebe que não têm mais chance de vencer essa guerra, a História o atropelou com a força de milhões de deserdados sociais que recuperaram sua força política e vislumbraram uma realidade menos servil e mais esperançosa. Em puro desespero, abandonados pelos enfraquecidos partidos de direita (que também se sentem desarmados, mas não percebem que estão desarmados pois carecem de projetos alternativos para aqueles deserdados, eis que todos seus projetos visam uma minoria que foi alijada do poder), só lhes resta lutar agora contra o sistema. Eis a última trincheira: A democracia!

 O Homo Reacionarius tenta convencer (sabe-se lá quem) que a culpa está justamente nos pilares da democracia: os políticos, o Congresso Nacional e tudo o mais que dá sustentação ao jogo democrático. Mas note, ele o faz de maneira claudicante... Critica, com base no senso-comum o político em geral, mas atira sempre no mesmo partido político (que por acaso deu poder a massa que os alijou), sempre em seus símbolos, poupando (quase sempre, mas não sempre), os símbolos de sua direita (os caciques dos partidos de oposição, o próprio partido de oposição), pode até para disfarçar e dar forças ao seu argumento pouco democrático, atacar aqui e acolá alguém do seu partido ou até mesmo o partido de oposição (de leve, bem de leve, sem nenhuma charge, por favor), mas as baterias sempre estão muito mais fortes contra o governo eleito, seu partido e seus aliados. 

Resta saber se o Homo Reacinarius será extinto de fato, ou se terá sucesso parcial aqui e acolá... O que se sabe é que, com sua pouca inteligência, o Homo Reacionarius está fadado a desaparecer, gritando e esperneando, levando consigo todo um complexo midiático que lhe serviu muito bem, alimentando-o, porém tão ineficaz quanto os partidos de oposição.

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